DICAS DE ESTUDOS

Acompanhe o Café Jurídico Filosófico no Instagram e fique por dentro das sugestões de aulas bacanas e materiais de estudos disponíveis. Todos os Links estão na Bio!!

Siga!! :)

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: A influência do silogismo científico descrito por Aristóteles na configuração das máquinas

Este foi mais um dos meus trabalhos no primeiro ano de Filosofia. O objetivo aqui foi analisar, de forma sucinta, a inteligência artificial e a linguagem utilizada, considerando a visão de Wittgenstein, bem como a relação com o silogismo científico descrito por Aristóteles. A Filosofia da Lógica foi uma das matérias que mais me identifiquei, especialmente por ter um conteúdo tão atual e com tamanha relevância para a nossa sociedade. Por achar tão interessante, decidi publicá-lo aqui no blog. Espero que gostem. Boa leitura!
Palavras-chave: Linguagem; Inteligência Artificial; Silogismo
1. INTRODUÇÃO
Sócrates, se me perguntasse hoje o que é Inteligência Artificial (IA) da mesma forma em que exigia respostas de Teeteto, isto é, desejando ouvir o exato significado das palavras, certamente recusaria a minha simples visão sobre o assunto, porque eu não conseguiria falar do real significado da IA sem divagar sobre seus efeitos. 
A princípio posso me ater muito brevemente sobre esse tema (uma vez que o estudo demanda tempo e dedicação, o que por hora não é possível ter) dizendo sinteticamente que a IA é resultado de um trabalho elaborado pelas mãos humanas, em formato de uma máquina que utiliza comandos previamente configurados através de algoritmos.
Considerando as ideias de Wittgenstein sobre linguagem, numa perspectiva positiva, creio que eu poderia ficar tranquila, de certa forma, com essa curta descrição, porque para ele o real significado das palavras, como aquele que vemos em dicionários, não tem a mesma importância assim como tem o sentido da palavra, como tem a estrutura da linguagem no contexto em que é utilizada. A Inteligência Artificial sozinha não diz nada sem ser relacionada com o desígnio do homem que a criou.
Para o Filósofo, como é mencionado em Investigações Filosóficas, o nome não é para ele “uma figuração do objeto e, portanto, sozinho nada diz. Somente através da combinação de nomes é possível figurar a realidade; em outros termos, isso significa que o centro da teoria da linguagem como figuração encontra-se nas sentenças”.1
Embora eu alimente o desejo de aprofundar-me sobre o assunto, só posso me limitar a dizer neste artigo que a Inteligência Artificial “teve início após a Segunda Guerra Mundial e, atualmente, abrange uma enorme variedade de subcampos, desde áreas de uso geral, como aprendizado e percepção, até tarefas específicas como jogos de xadrez, demonstração de teoremas matemáticos, criação de poesia e diagnóstico de doenças”. Ela “sistematiza e automatiza tarefas intelectuais e, portanto, é potencialmente relevante para qualquer esfera da atividade intelectual humana. Nesse sentido, ela é um campo universal (RUSSEL, 2004).” 2
2. A RELAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COM O SILOGISMO DESCRITO POR ARISTÓTELES
Todo o arcabouço da Inteligência Artificial é inspirado em Aristóteles, porque tem seu principal fundamento no silogismo científico, que tem uma previsibilidade relevante.
Segundo Roberto Vilhena , a IA é uma possibilidade, nos tempos de hoje, que realiza algo que foi pensado pelos gregos há mais de dois mil anos. Para ele, quando o homem consegue “ensinar” uma máquina a pensar, o que tem por trás dessa iniciativa são pensamentos parametrizáveis. Quando o homem se propõe a colocar uma máquina de pé, está se executando um pensamento, cujo objeto desse pensamento pode ser denominado de “Agente Inteligente”. Este Agente Inteligente realiza exatamente o que o homem faz. Ele existe. E existir é representado, como convencionou Aristóteles, através de três maneiras: Alma Vegetativa, Existência Vegetativa e Existência Intelectual.
Vilhena explica que a Alma Vegetativa para o ser humano é o que dá movimento ao corpo físico, por exemplo, o movimento dos braços e das pernas, o que não é diferente para a máquina, que também possui movimento, por exemplo, do braço mecânico, ou através de um software gerado por caracteres, ou um software de voz. 
Ele explica que o ser humano possui sensibilidade, isto é, percebe o mundo através do tato, da audição, da visão e de todas as operações sensíveis pertencentes ao corpo humano e acrescenta que a máquina também faz uso destes métodos de percepção. Por exemplo, a máquina é capaz de mudar o script de uma conversa com alguém. Se seu software estiver embarcado numa câmera de vídeo, como utilizado em entrevistas à distância, ela pode fazer o mapeamento do rosto e detectar, através das perguntas e os impactos que estas possuem, se a pessoa está confortável, apreensível ou incomodada. A isso pode ser conceituado como a Existência Vegetativa.
Por fim, Vilhena explica que Existência Intelectual ocorre quando, por exemplo, o homem se relaciona com o mundo através de uma estrutura que permite colocar de pé um determinado objeto, fruto de seu pensamento, conceituado como “silogismo”, palavra resultante da junção de outras duas,“com+cálculo” , que significa raciocínio, que é, portanto, chegar à pequenas conclusões como “se João é grego, e os gregos são sábios, logo João é sábio”. 
O silogismo é uma operação intelectual, segundo Vilhena, que possibilita “dar vida” às possibilidades de raciocínio. O algoritmo, intitulado como uma sequência de acontecimentos que chega a um determinado objetivo, também tem o mesmo sentido. Ele dá como exemplo o trajeto que a máquina traça para que uma pessoa consiga chegar em seu destino. Se existe um buraco a esquerda, se existe um buraco a direita e logo a frente possui uma manifestação, com a ajuda da Inteligência Artificial a pessoa pode “pular de 3,5 Km para 3,8 Km”, alterando seu percurso para que chegue mais cedo onde deseja estar.
Vilhena ressalta que em todo esse percurso pode ser conceituado como silogismo científico, que possui alto grau de previsibilidade. Por exemplo, o Watson faz diagnóstico de maneira super rápida, porque ele sabe que o assunto que ele vai tratar naquele momento é a tentativa de investigação sobre consequências e implicações, por exemplo, de um câncer de estômago. 

O silogismo científico, usado na formação da Inteligência Artificial, é diferente do silogismo dialético, que consiste no discurso entre pessoas. Esses discursos possuem argumentos, válidos ou inválidos. Esses argumentos são compostos por opiniões fundamentadas, nascidas, como intitulado por Aristóteles, da Disposição de Espírito. Neste sentido, é possível entender que o algoritmo não possui opinião, o que dificulta configurar uma máquina para esta determinada função.
Vilhena fala, também, de algo ainda mais difícil de ser configurado por algoritmos, que é o silogismo poético. Ele lembra que para Aristóteles a única ciência que pode receber os status de ciência produtiva, que realmente produz o novo, é a poética, a criatividade. Para ele a fragilidade humana leva a pessoa caminhar para os extremos como, por exemplo, à felicidade, ou à tristeza, mudanças de sentimentos que são alterados com razoável facilidade. E a isso pode ser atribuído à Disposição de Espírito, o que mais uma vez percebe-se a impossibilidade de ser escrita por algoritmos.
Finalmente, o professor explica que outra dificuldade de configurar as máquinas é utilizar o silogismo retórico, que se refere à estruturação de uma fala que tem por objetivo o convencimento de alguém sobre alguma coisa. O exercício de convencimento ainda é, para Vilhena, percentualmente mais afeito àquilo que é humano.
3. CONCLUSÃO
Roberto Vilhena fala em seu vídeo que as execuções de existência servem como inspirações para a criação da Inteligência Artificial. Se alguém porventura questionar ou lamentar que a máquina está substituindo o homem e agora o “mundo acabou”, na verdade pode afirmar que sim, em relação ao silogismo científico, que possui alto grau de previsibilidade, pode fazer com que a máquina, ou seja, a Inteligência Artificial substitua o homem em inúmeras tarefas. 
Todavia, a única preocupação que o homem deve se ater é em suas escolhas. Pois ainda não é possível que uma máquina tenha em sua configuração o silogismo poético, ou o silogismo dialético, ou ainda o silogismo retórico. Não é possível que uma opinião seja escrita por algoritmos. A única coisa que pode se afirmar, por enquanto, é que o homem pode ser único e ter ações únicas, impossíveis ou com uma menor chance de serem previsíveis pela máquina.







4. NOTAS DE RODAPÉ
 1 Trechos retirados do livro Ludwing Wittgenstein, Investigações Filosóficas, p.10, tradução da Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo, 1999. 
2 Trecho extraído do artigo Inteligência Artificial: Conceitos e Aplicações, por Dennis dos Santos Gomes. Revista Olhar Científico - Faculdades Associadas de Ariquemes - V. 01, n.2, Ago./Dez. 2010
. 3 Roberto Vilhena é professor e redator publicitário. Sua explicação sobre Inteligência Artificial, usada como referência no presente artigo, foi retirada do vídeo “O seu futuro depende do passado”, disponível no YouTube, no perfil da Casa do Saber. 4 Aristóteles (384 a.C., -322 a.C.). 
5 Do grego antigo συλλογισμός, "conexão de idéias", "raciocínio"; composto pelos termos σύν "com" e λογισμός "cálculo" Extraído do documento “silogismo - educacional”, disponível no site www.educacional.com.br, visto em 15/12/2019.
6 IBM Watson, plataforma que se vale da linguagem humana e da inteligência artificial para analisar quantidades gigantescas de dados e trazer respostas. Informação retirada do site www.ctiglobal.com, visto em 15/12/2019. 
7 O entendimento sobre espírito, para Aristóteles, começa da identificação dos componentes, quais sejam: as paixões e as potências, isto é, a capacidade de sentir essas paixões. (NERI, Demetrio. Filosofia Moral, Manual Introdutivo. Ed. Loyola, São Paulo, 2004. 



5. BIBLIOGRAFIA

Conceito de IBM Watson, disponível no site www.ctiglobal.com, visto em 15/12/2019; 
Inteligência Artificial: Conceitos e Aplicações, por Dennis dos Santos Gomes. Revista Olhar Científico - Faculdades Associadas de Ariquemes - .01, n.2, Ago./Dez. 2010;
NERI, Demetrio. Filosofia Moral, Manual Introdutivo. Ed. Loyola. São Paulo, 2004; 
O seu futuro depende do passado, por Roberto Vilhena. Disponível no site do YouTube, perfil da Casa do Saber, visto em 16/12/2019; 
Silogismo Educacional. Disponível no site www.educacional.com.br, visto em 15/12/2019; 
WITTGESNTEIN, Ludwing. Investigações Filosóficas. Tradução da Editora Nova Cultural, São Paulo, 1999.

Comentários

Instagram Cafe Jurídico Filosófico

Postagens mais visitadas